Amigos,
Eu juro que estou tentando ser o mais otimista possível neste momento, mas certas coisas me incomodam ao extremo. Porque não virei jogador de futebol ao invés de trabalhar no mercado financeiro? Nossa vida é maluca pessoal.
Enfim, acho que, no final das contas, está no sangue. Não tem jeito. Abaixo segue meu dilema sobre a economia brasileira:
Não tenho muita certeza se nossa economia mudou muito de alguns anos para cá. Vamos concordar que apesar da crise mundial, ainda há uma certa badalação em cima do Brasil e sua "blindagem" econômica. Muitos economistas e analistas mundiais defendem que o Brasil criou uma ótima reserva de dólares (que não necessariamente está dentro dos bancos) e estava protegido contra a crise por causa da redução da dívida externa, o aumento das reservas internacionais e o superávit em conta corrente. Será que merecemos tal 'elogio'?
Não merecemos não oras! Na verdade, não mudamos em muita coisa. Pelo contrário, pois continuamos com erros primários. Eu estava lendo a coluna da jornalista do Grupo
Financial Times Priscilla Murphy na
HR Consignado que saiu agora, e achei um desabafo perfeito para quem está cansado das velhas questões que são tão nocivas para o desenvolvimento da
economia deste país. Algumas das palavras da
Priscilla em seu inteligente artigo intitulado
"O novo Brasil e o Brasil de sempre":"Claro que há coisas que nunca mudaram. Apesar de renovadas promessas de reformas tributária, trabalhista, fiscal, e outras, no Brasil de sempre não há reformas. O País continua exibindo um triste índice entre os lugares mais difíceis do mundo para se fazer negócios. Na mais nova edição do estudo Doing Business, do Banco Mundial, o Brasil subiu da posição 126 para 125 no ranking de 181 países... Enquanto isso, a Colômbia e a República Dominicana ficaram entre os dez maiores reformadores do ano, melhorando as condições de se fazer negócios em cinco e quatro áreas, respectivamente. E, claro, sobre uma base melhor: subiram no ranking para as posições 53 e 97. "
Eu,
Gabriel, concordo em gênero, número e grau. O Brasil perdeu sua chance quando lá atrás precisava-se enxugar o custo do governo para deixar o empresariado mais competitivo e o país mais "leve" para crescer. Há (de verdade) uma urgente e óbvia necessidade das reformas tributária e trabalhista no Brasil. Bem como argumenta a jornalista:
" O País aparece como campeão isolado, por exemplo, no quesito demora no estudo do Banco Mundial Paying Taxes 2008. Em apenas oito países do mundo uma empresa demora em média mais de mil horas por ano para ficar em dia com todos os impostos. No Brasil, essa demora é de 2.600 horas, bem adiante do segundo colocado, a Ucrânia, com 2.085 horas. Mais da metade desse tempo é gasto com o ICMS e suas 27 regulamentações, segundo o estudo."
A questão é que nossos velhos erros pareciam toleráveis perante ao quadro animador que proporcionávamos principalmente pela a criação do Siscomex Carga, que unificou sistemas de importação e exportação, reduzindo o tempo necessário para se exportar. Também estávamos gradualmente suprindo o baixo índice de endividamento do povo brasileiro. Mas agora isso acabou, esses erros primários ficarão cada vez mais visíveis, vergonhosos e inaceitáveis.
Recentemente uma de minhas publicações favoritas (
The Economist) lançou um artigo chamado
"A Taxonomy of Trouble". Nele, fica claro que estamos muito vulneráveis, pois nossas exportações sofrerão com a desaceleração da economia mundial e nossos bancos estarão sem dólares (mesmo se o país os possui). Vale lembrar que se por um lado a exportação de commodities responde a 9% do GDP do Brasil, nossas empresas de commodities, como a Petrobrás por exemplo, respondem por quase 40% do pregão. Por causa disso, a baixa no preço dos commodities afetou nossa bolsa da maneira que estamos sendo noticiados.
Nosso país não conseguirá mais tampar o sol com a peneira. Isso talvez seja bom para acelerarmos as reformas que tanto esperamos. Ao menos, isso é o que manda o velho bom-senso. Será que o governo o possui?
Abraços a todos,